Meu trajeto até a faculdade...

            Desde pequena, sempre soube que faria Medicina.
            A grande maioria das pessoas sempre me dizia: "você é muito nova, com certeza vai mudar de ideia." ou "tem que estudar muito", outros diziam que era apenas influência do meu pai.
            Mas eu nunca tive dúvidas, seria médica.
            Desde de muito nova lembro de pegar um esteto e medicar cada um dos meus ursos de pelúcia.
outubro de 2000 

            Na minha infância, tive um episódio muito marcante que me fez ter ainda mais certeza que queria fazer medicina:
            Aos 7 anos de idade fui visitar a faculdade na qual meu pai estudou, e fomos autorizados a entrar no anatômico, frente a vários corpos em cima da mesa perguntei se eram de verdade, e com a resposta afirmativa, eu só queria poder tocar neles, cheguei a dizer que iria "examinar".
            Sempre soube que para passar no vestibular eu teria que estudar e me destacar, então, quando concluí o ensino fundamental I em uma escola de bairro, tive que mudar de colégio.
            Surgiu então um nome: Colégio Bandeirantes, local onde seria minha segunda casa pelos próximos sete anos, onde eu viveria ótimos momentos, mas também choraria por muitas notas não tão altas, onde aprenderia a trabalhar em grupo e sob pressão.  Aprendi a ter liberdade, a fazer as minhas escolhas e me responsabilizar por elas.
            Chegou então o dia 01/02/2010, primeiro dia de aula no novo colégio, me sentia mais próxima do meu sonho de ser médica. Vieram então as primeiras provas, que foram, para uma aluna acostumada a tirar notas altas, uma decepção. Aquele boletim lotado de notas 5,5 ou 6, no máximo 7, até algumas abaixo da média...
            Conversou-se muito com a coordenação do colégio, discutindo-se que era apenas uma fase de adaptação; meus pais, me sugeriram várias vezes trocar de colégio, mas eu recusei, queria estudar nos tijolinhos da Rua Estela.
            Com muitas dificuldades, acabou-se o primeiro ano, e o período de adaptação. Aprendi que eu não poderia estudar apenas na véspera da prova, mas sim nos dias em que a matéria era dada pelo professor.
            Passaram-se então 7 anos de: "não posso sair, semana de provas" ou "não posso, tenho aula o dia todo".
            Chegou então, como num piscar de olhos, o tão temido terceiro colegial, ano de vestibular. Sábados de simulado, semanas e semanas intermináveis de provas, redações e mais redações.
            O ano passou, e nós mal percebemos, estávamos então na última semana de aula, na chamada "semana da alegria". Essa semana precede as provas finais e os alunos formandos vão para a escola fantasiados, de pijama, roupa de gala, tudo de acordo com um tema pré-definido. Foi uma semana cheia de alegrias por estarmos nos formando, de tristeza por estarmos abandonando ou saindo da nossa segunda casa.
            O dia 21 de outubro de 2016, foi o último dia de aula, o dia "do branco". Aqueles alunos que estudaram no colégio desde o 6 ano receberam uma camisa escrito: "eu sobrevivi". Naquele dia, poucos foram os que não choraram, dentre alunos e professores.
21/10/2016 - último dia de aula

            Depois de formada, posso perceber que o colégio realmente não me ensinou apenas matérias e como responder as questões, aprendi a ter censo crítico, respeitar a diversidade, a me expressar, a ser um cidadão.
Colação de Grau 

                                        Baile de Formatura



            Naquele ano, não passei no vestibular, apesar das boas classificações.
            Iniciei então em 2017 o Curso Poliedro de Medicina, e no dia 04/07/2017, ao chegar o site da VUNESP, encontrei meu nome na lista de convocados para matrícula em primeira chamada na Universidade Municipal de São Caetano do Sul.




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