SÍNTESE DO PRIMEIRO MÓDULO


O módulo de pediatria teve um início conturbado uma vez que a maioria dos alunos não haviam trabalhado juntos ainda de modo que cada um tinha uma maneira de construir a sessão tutorial, de modo que foi necessária uma adaptação por parte de todos; além disso a dinâmica adotada pelo professor nas sessões também necessitou de adaptação, uma vez que não estávamos acostumados a realizar a formulação de hipóteses e não compreendíamos a necessidade dessa construção; ao longo do módulo fomos adquirindo habilidade em construir as hipóteses bem como compreendemos a importância conseguindo, com maior facilidade formular os objetivos, as hipóteses também passaram a servir de guia sobre a necessidade de aprofundamento ou não em determinado objetivo. Ficou nítida a evolução geral do grupo.
O objetivo desse módulo foi compreender as etapas de desenvolvimento da criança, e dessa maneira foi necessário buscar conhecimentos dos módulos anteriores como embriologia, fisiologia, imunologia e até bioquímica. Essa correlação com os módulos anteriores foi bastante produtiva, uma vez que resgatar o conhecimento é sempre fundamental para sedimenta-lo.
No primeiro problema discutimos o que acontece logo após o nascimento da criança e o que é necessário avaliar. Foi bastante discutido o índice de APGAR, que busca avaliar a adaptação do recém-nascido à vida extrauterina observando a frequência cardíaca, o esforço respiratório, o tônus muscular, a irritabilidade reflexa e a coloração, sendo que cada um desses tópicos é avaliado com notas 0, 1 ou 2, que, quando somados tem-se uma noção geral do grau de dificuldade da criança. Após a soma valores até 3 pontos indicam que o RN apresenta dificuldade intensa e recomenda-se manobras de ressuscitação, já as notas entre 4 e 6 indicam dificuldade moderada e talvez seja necessária reanimação, uma nota de 7 a 10 indica a ausência de dificuldades. É válido ressaltar, porém, que índices baixos não indicam que a criança terá algum déficit de crescimento ou desenvolvimento, porém, estabelece-se uma relação do índice de APGAR com a classificação de acordo com a idade gestacional: nota-se que, em geral, RN pequenos para a idade gestacional (PIG) apresentam menores índices de APGAR.
A icterícia neonatal foi bastante discutida no primeiro problema também, e vale ressaltar que este é o único momento em que a icterícia pode ser considerada fisiológica, ela ocorre por diversos fatores, mas esta é autolimitada e transitória, ocorrendo durante a 1ª semana de vida, e manifestando-se 24 hrs após o nascimento. Observa-se que caso a icterícia se manifeste antes desse período ela pode ser indicativa de doença hemolítica do RN. Dentre as coisas da icterícia fisiológica encontram-se o menor tempo de vida das hemácias do RN (70-90 dias), ausência de flora intestinal (o que diminui a degradação da bilirrubina) e deficiência de proteínas Y nos hepatócitos (o que diminui o transporte da bilirrubina até o reticulo endoplasmático). A fototerapia é indicada para o tratamento da hiperbilirrubinemia, porém, em alguns casos pode ser indicada a exsanguinotransfusão. O tratamento se mostra fundamental pois a bilirrubina, quando em níveis elevados, pode atravessar a barreira hematoencefálica, e causar kernicterus, lesões no cérebro que podem se manifestar como paralisia cerebral, surdez, alterações de visão ou dificuldade no desenvolvimento intelectual.
Discutimos também sobre a perda de peso que ocorre no RN e com isso podemos correlacionar com a segunda situação problema. Dentro outros fatores, a perda de peso ocorre porque o recém-nascido não ingere a quantidade necessária de gordura para manter seu peso, isso ocorre porque, durante a primeira semana o leite da mãe possui menor índice de gorduras e maior índice de anticorpos; além dessas mudanças o leite sofre mudanças durante a mamada, observa-se que o leite de inicio de mamada é mais aguado e mata a sede da criança, ao fim da mamada o índice de gordura aumenta o que deixa a criança satisfeita e permite o ganho de peso, por isso recomenda-se que o seio seja esvaziado antes de oferecer o outro para o bebe afim de garantir uma boa nutrição. Ressalta-se também que o aleitamento materno deve ser exclusivo até os 06 meses de idade.
A má nutrição é bastante frequente no Brasil e deve ser combatida com vigor uma vez que causa efeitos negativos no desenvolvimento neuropsicomotor da criança.
Além disso, a má nutrição materna é uma das causas de prematuridade e PIG, em conjunto com o etilismo, tabagismo e outros. Um pré-natal adequado é fundamental para evitar algumas complicações da gravidez ou para diagnostica-las precocemente evitando assim maiores danos para a mãe e para o feto.
O álcool, quando ingerido durante a gravidez também possui efeito teratogênico, como, por exemplo, malformações cardíacas que podem ser classificadas como cianóticas (de maior gravidade) ou acianóticas (de menor gravidade).
Outro fator teratogênico também estudado é a rubéola, que, quando contraída durante a gravidez, principalmente no primeiro trimestre, pode provocar malformações cardíacas, oculares, esplenomegalia, etc; denomina-se síndrome da rubéola congênita.
Alguns dos fatores supracitados estão relacionados com grande parte das mortes de recém-nascidos. Reduzir a mortalidade infantil e na infância é um dos objetivos do milênio, estabelecidos em 2000 e para que esse objetivo fosse atingido se fizeram necessárias política públicas como orientação as mães e pré-natal.
Infelizmente no Brasil observa-se uma grande disparidade regional. No norte e nordeste as taxas de mortalidade em crianças são maiores que as das regiões sul e sudeste, porém, em todas as regiões do pais observou-se redução no número de mortes.
O que preocupa é que o último levantamento do Ministério da Saúde indicou que houve um aumento de 11% no número de crianças que morrem entre 1 mês e 04 anos de idade. O observatório da Criança e do Adolescente da fundação Abrinq atribui esses números a recessão econômica, escassez de recursos públicos e cortes nas verbas de programas sociais.
Observou-se também uma mudança nas causas das mortes. No ano de 1990 as doenças diarreicas eram a 2ª causa de morte no país e no ano de 2015 cairam para a 7ª classificação. Houve um aumento de casos de morte por anomalias congênitas que estavam em 1990 na 5ª posição e em 2015 na 2ª posição, atribui-se esse fatores a maior exposição das mães a agentes teratogênicos como poluição e radiação por exemplo.
Em suma, este módulo acrescentou informações bastante relevantes em minha formação médica e que podem ser aplicados no meu dia a dia na faculdade. No IESC por exemplo, alguns desses conhecimentos já foram aplicados bem como nas aulas de habilidades médicas.
Os TBL´s desse módulo foram extremamente importantes na consolidação do conhecimento e correlacionados com a matéria estudada.
O laboratório de morfofuncional, assim como no semestre anterior continuou com os roteiros desconexos e o conteúdo abordado em aula não consta na maior parte dos roteiros.
As práticas funcionais acabaram sendo mais desconexas do que no semestre anterior, os roteiros também não estavam claros sobre quais os objetivos da atividade.

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