SÍNTESE REFLEXIVA DA QUARTA SITUAÇÃO PROBLEMA DO SEGUNDO MÓDULO
Felizmente,
o processo de abertura tem se tornado cada vez mais agradável e organizado.
Cada vez mais, estamos apreendendo a respeitar opiniões diferentes e o momento
de fala de cada um. Acredito que, novamente o debate fluiu e apresentamos um
bom leque de conhecimentos prévios, que nos ajudaram muito na formulação de hipóteses:
quando um de nós fazíamos alguma correlação ela era aprimorada pelo grupo que
agregava pequenos detalhes para que formássemos uma opinião em comum, o que foi
extremamente positivo, uma vez que mostrou o nosso desenvolvimento como parceiros.
Em
particular não senti dificuldade em identificar as questões de aprendizagem,
bem como de realizar a formulação de hipóteses, bem como todo o grupo.
Em
meus estudos senti, inicialmente, dificuldade em compreender alguns assuntos, e
para que pudesse sedimentar todas as teorias, novamente, foram necessárias
diversas fontes. Confesso que, de certa maneira, me sinto preocupada em buscar
em diversas fontes uma vez que algumas vezes esse ato pode causar alguma
confusão, mas, nestes últimos casos, tenho observado, na maioria dos livros
estudados tópicos bastante superficiais ou que estejam “jogados” no capítulo de
modo que deveríamos ter lido todo o livro para compreender, assim, buscar em
artigos tem se mostrado a melhor opção. Ao fim de cada estudo, tenho feito
mapas mentais, para me ajudar a sedimentar.
Em
nossas hipóteses buscamos diferenciar urgência e emergência, e consideramos que
o caso de Robson seria de urgência, uma vez que não haveria parada cardiorrespiratória
e que ele havia retomado a consciência, o que se confirmou em nossos estudos.
Em suma, casos de emergência são aqueles que apresentam risco iminente de morte
ou lesão permanente, como PCR ou hemorragias; já casos de urgência, necessita-se
de uma avaliação médica, mas não, necessariamente de uma intervenção imediata,
como em casos de fraturas não expostas e cólicas renais. No entanto observa-se
uma linha extremamente tênue para diferenciar os casos e, em uma tentativa de
uniformização nacional, visando garantir a segurança do paciente adotou-se a o
Protocolo de Manchester, que é baseado em sinais e sintomas e contém
fluxogramas que definem a gravidade do caso, deixando claro o tempo de espera possível
para uma primeira avaliação médica.
Observando
que Robson estava retomando sua consciência, comentamos sobre a sua definição,
bem como a de inconsciência e qual seria a relação com a escala de Glasgow, bem
como buscamos entender qual seria a lesão que o paciente poderia ter sofrido.
Um
individuo que consegue reconhecer a si mesmo e ao ambiente, respondendo a todos
os estímulos está consciente, porém, várias situações podem provocar
rebaixamento de consciência, entre eles o trauma; as alterações no nível de consciência
podem variar do coma profundo á letargia, sendo, esta última, mais próxima da
normalidade.
Para
avaliar o paciente utilizamos a Escala de Glasgow, que foi, inicialmente criada
nos EUA para avaliar a gravidade dos traumas cranioencefálicos (TCE), porém, atualmente
é utilizada em todos os casos que causem rebaixamento de consciência mais intensos,
em casos mais leves pode-se aplicar a escala de Jouvet.
A
escala de Glasgow leva em conta a abertura ocular, resposta verbal e resposta
motora; em atualizações mais recentes considera-se também o reflexo pupilar.
Para
abertura ocular dá-se uma nota de 1 a 4, onde 04 significa que a abertura é espontânea
e sem comprometimentos e 1 significa que não há abertura; caso a abertura
apenas ocorra através de estímulos verbais, atribui-se nota 03 e com estímulos dolorosos
nota 02. No caso da resposta verbal, atribui-se
notas de 1 a 5, assim, quando o paciente esta orientado a nota deve ser 05 e
quando não há resposta atribui-se nota 1. Caso o paciente esteja confuso, dá-se
nota 04, se observarmos que o paciente profere palavras inapropriadas ou sons ininteligíveis
atribui-se nota 03 e 02, respectivamente. No caso da resposta motora, as notas atribuídas
variam de 1 a 6, sendo esta atribuída quando o paciente responde a quaisquer
estimulo verbal; atribui-se nota 05 quando ele localiza e procura remover a
fonte de estimulo doloroso; 03 quando, frente a estimulo, apresenta rigidez de
decorticação; 02 quando, com estimulo doloroso, apresenta hiperextensão de membro,
flexão de punho e rotação de membros superiores, e 01 quando não observa-se
resposta alguma. Quando somadas as notas
atribuídas nos dão uma ideia da gravidade do caso, ou seja, valores em 13-15
indicam que a lesão é menos grave, entre 9-12 indicam lesão moderada e entre
3-8 indicam lesão grave.
Quanto a lesão de Robson concluímos que houve
uma lesão parcial na medula, ou seja, Síndrome de Brown-Sequard. Assim, o paciente
apresenta perda da função motora, da propriocepção e da sensibilidade epicrítica
(vibração e toque fino) no lado lesado e, no lado oposto, perda da
sensibilidade protopática (dor, temperatura e pressão). Isso ocorre uma vez que
alguns tratos se cruzam na medula espinhal e outros não.
E para compreender melhor esse mecanismo
devemos compreender as vias: em nossa pele temos receptores dispostos pela
epiderme, derme e tecido subcutâneo, que são responsáveis por detectar estímulos,
esses receptores estão dispostos de maneira desigual pelo corpo, justificando a
existência de áreas mais sensíveis que outras.
Acredito que aqui, caiba de maneira sucinta
explicarmos a via do tato epicrítico e protanópico.
No trato grosseiro, os neurônios I se comunicam
com os receptores e chegam até o corno posterior da medula, onde fazem sinapse
com o neurônio I, denominado trato espinotalâmico anterior, que chega até a
ponte. Na ponte, se une com o trato espinotalâmico lateral (da via da dor e
temperatura). A partir da ponte, o lemnisco espinhal, ou neurônio III chega ao núcleo
ventral posterior do tálamo, a partir do qual saem as radiações talâmicas (neurônios
IV) que chegam a área somestésica primaria, no giro pós-central do lobo
parietal.
No tato fino, os fascículos grácil e cuneiforme,
que conduzem, respectivamente, impulsos dos membros inferiores com os da metade
inferior do tronco e os membros superiores com a metade superior do tronco, chegando
ao bulbo, de onde parte o lemnisco medial dirigindo-se para o núcleo ventral
posterior do tálamo, de onde parte o neurônio III ou radiações talâmicas até a área
somestésica.
Em nível medular, os neurônios I podem comunicar-se
diretamente com neurônios motores ou com interneurônios que se ligam aos neurônios
motores, havendo assim um reflexo medular, como supomos nas hipóteses,
denominado arco-reflexo.
Em nossas hipóteses consideramos que durante o
sono e durante a vigília estávamos em estado de consciência e, assim,
responsivos e que no estado de coma estamos inconscientes, levando em conta as informações
acimas podemos afirmar que essa hipótese estava parcialmente correta, já que o
sono é o estado fisiológico de inconsciência.
Cabe uma breve reflexão sobre o ciclo
circadiano de sono e vigília, bem como as fases do sono, estas foram bem compreendidas
pelos alunos, porém, a regulação sono-vigília nos pareceu bastante complicada,
tanto que, teremos um TBL para melhor compreendermos este assunto.
O sono pode ser divido em duas fases: NREM e REM,
sendo este mais profundo. O sono NREM divide-se ainda em 04 subfases, na qual,
ocorre gradativamente aumento da velocidade do movimento ocular e diminuição da
contratura muscular. Durante a noite, passamos por vários ciclos de sono, que
duram, em média de 100 minutos cada. Uma das maneiras utilizadas para estudar o
sono é o eletroencefalograma, que observa as ondas cerebrais: no sono profundo
(REM) observamos ondas rápidas e dessincronizadas.
Três
subdivisões hipotalâmicas são importantes no ciclo sono-vigília: o hipotálamo
anterior (núcleos gabaérgicos e núcleos supraquiasmáticos), o hipotálamo
posterior (núcleo túbero-mamilar histaminérgico) e o hipotálamo lateral
(sistema hipocretinas).
O hipotálamo anterior, quando estimulado, induz
o sono, sendo responsável pelo início e manutenção do sono NREM, lesões nessa
área causam vigília prolongada.
Os neurônios supraquiasmáticos são responsáveis
pelo ritmo circadiano do ciclo sono e vigília: ao escurecer as células da
retina percebem diminuição da luminosidade, enviando sinais, através do trato
retino-hipotalâmico, até o núcleo supraquiasmático do hipotálamo, que se
comunica com o núcleo paraventricular
(ainda no hipotálamo), os neurônios deste núcleo estimulam então os neurônios
pré-ganglionares simpáticos da medula, que se comunicam com o gânglio cervical
superior (pós ganglionar), que estimulam a glândula pineal a secretar
melatonina.
A estimulação do hipotálamo posterior provoca
situação de alerta, mediada por neurônios histaminérgicos. A destruição destes
neurônios pode causar sono.
Inicialmente,
no fechamento, não fiquei nada satisfeita com a minha participação, estava
bastante nervosa e apreensiva com essa situação problema; observei que todos estávamos
assustados e isso me fez me sentir mais a vontade para falar, uma vez que não
era uma dificuldade só minha e sim do grupo todo, provavelmente devido a
densidade da situação problema.
Posteriormente,
acredito que consegui participar melhor, expondo meus estudos e buscando ajudar
durante o debate.
Apesar
da fragmentação da discussão, devido a complexidade do assunto, conseguimos
construir uma lousa completa e abranger todos os objetivos, o que me deixou
muito feliz, demonstrando novamente o crescimento do grupo, que agora é capaz
de unir os estudos formando um conhecimento comum e compartilhado por todos de
maneira quase que igualitária.
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accedido en 13 oct. 2018.
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