SÍNTESE REFLEXIVA DA SEGUNDA SITUAÇÃO PROBLEMA DO SEGUNDO MÓDULO
Quando
comparada a abertura anterior, essa foi muito mais organizada, estávamos menos
assustados com o assunto, o que possibilitou melhor dinâmica de debate. Além
disso, trouxemos diversos conhecimentos prévios o que facilitou a elaboração de
hipóteses e construção das questões de aprendizagem.
Obviamente,
o grupo ainda está em desenvolvimento de maneira quem ainda é preciso que seja
aberto mais espaço para que todos expressem suas opiniões, dúvidas e
conhecimentos sem serem interrompidos: as interrupções, apesar de menos
frequentes que na abertura anterior, ainda são muito presentes e acredito que
prejudiciais ao grupo, por interromperem linhas de raciocínio e formulação de
hipóteses.
A
situação problema estava bem escrita, e assim, o debate foi orientado e
acredito que o grupo não sentiu dificuldades em identificar quais os objetivos
dessa situação problema.
Dentre
as hipóteses estabelecidas consideramos que a perda da acuidade auditiva de
Joaquim poderia estar relacionada com o enrijecimento da membrana timpânica (devido
ao envelhecimento) ou com ruídos a que Joaquim foi exposto, incluindo os
ocupacionais.
Para
confirmarmos ou não essa hipótese devemos entender como funciona a via
auditiva: os receptores (cílios) estão situados na órgão de Corti, na cóclea,
no ouvido interno, assim, após passar pela membrana timpânica e pelos ossos (condução
área e óssea) do ouvido as vibrações sonoras atingem os cílios, que se
movimentam causando a despolarização ou hiperpolarização, o estimulo “caminha”
pelo neurônio I, na porção coclear do nervo vestibulococlear e chegam a ponte,
onde fazem sinapse com o neurônio II que inflete-se cranialmente formando o
lemnisco lateral do lado oposto, seguindo até o colículo inferior onde fazem
sinapse com o neurônio III. Vale ressaltar que existem fibras provenientes do núcleo
coclear que penetram no lemnisco do mesmo lado, sendo assim, homolaterais, de
modo que é impossível a perda da audição total por lesão de uma só área auditiva.
Os neurônios III dirigem-se então para o corpo geniculado medial, seus axônios formam
a ramificação auditiva que chega a área auditiva no giro temporal transverso anterior.
Em
meus estudos observei que é natural a diminuição da acuidade auditiva com a
idade, sendo que 60% das pessoas com mais de 65 anos apresentam menor
capacidade de ouvir, porém, essa perda se deve a diminuição do número de cílios
(receptores) e não ao enrijecimento da membrana timpânica; confirmou-se que
existem diversos fatores de risco para esse acontecimento, entre eles a
exposição a ruídos e hipertensão arterial.
Considerando
então que há condução área e óssea do som, existem dois tipos de perda auditiva:
condutiva, que pode ser reversível por se tratar, provavelmente, de uma
obstrução no ouvido médio, o que impede a capacidade de condução dos sons; porém
pode ser sensorial, resultante de danos na cóclea, sendo, em sua maioria, irreversível.
A
audiometria é um exame recomendando para diagnosticar a perda auditiva, bem
como sua causa e tipo. Podem ser realizados também o teste de Rinne e Weber que
determinam quando a perda é óssea ou condutiva:
No teste de Rinne, espera-se que a condução
aérea (CA) seja melhor que a óssea (CO), assim, em CA > CO, teste positivo,
descartando-se a hipótese de perda condutiva, mas não neurossensorial; se
CO>CA, perda condutiva e teste negativo. Pode haver falso negativo em
pacientes com perda neurossensorial. Utiliza-se o teste de Weber para confirmar.
Em
nossas hipóteses consideramos que o equilíbrio seria uma junção de sistemas, o
que foi confirmado nos estudos, porém, nas hipóteses os sistemas envolvidos
estavam equivocados. Observou-se que o equilíbrio envolve a visão, o sistema
vestibular e o proprioceptivo.
O
sistema vestibular busca indicar as mudanças de posição da cabeça. Os receptores
estão localizados no ouvido interno, na porção vestibular, e correspondem as
cristas dos canais semicirculares e as máculas do utrículo e sáculo, que se
movimentam junto com a cabeça provocando despolarização ou hiperpolarização. O neurônio
I segue então em direção aos núcleos vestibulares. As fibras originadas das cristas ampulares terminam nos núcleos
medial e superior, as que se originam da macula do utrículo e sáculo terminal
no lateral, inferior e medial. A partir dai se dividem na via inconsciente, no córtex
do cerebelo e na via consciente na área vestibular do córtex no lobo parietal.
Entre
as hipóteses estabelecidas consideramos que a lesão de Joaquim seria periférica,
o que se confirmou nos estudos. As vestibulopatias periféricas correspondem a distúrbios
decorrentes do comprometimento do nervo vestibular (até a entrada no tronco
encefálico) ou do órgão de Corti.
Para
confirmar que a lesão é periférica poderíamos realizar os testes de Romberg,
dos braços estendidos, Babinki-Weil, Fukuda, Unterberger e de coordenação.
Como
o sistema vestibular está interligado com a visão, umas das indicações de vestibulopatias
pode ser o nistagmo, que se origina devido a um desequilíbrio nas informações
aferentes do labirinto. Uma lesão periférica unilateral diminui o potencial de
ação que chega ao SNC, resultando em diminuição da atividade no núcleo
vestibular ipsilateral e uma diminuição no tônus do nervo oculomotor,
produzindo movimentos oculares contralaterais. A observação do nistagmo também
pode indicar se a lesão é central ou periférica, levando em conta a
espontaneidade, direção, etc.
No
fechamento não fiquei satisfeita com a minha participação, apesar de
compreender que o papel de relatora dificulta um pouco a participação, porém,
em situações anteriores no cargo de relatora não havia sentido essa dificuldade
em me expressar, sempre tive clareza em meus pensamentos e em como expor eles
de maneira didática. Fiquei um pouco assustada quando discutimos sobre a via da
audição, uma vez que havia em minha cabeça um esquema do funcionamento desta e
o debate acabou seguindo por outro, que também indicava os mesmos fatores de
maneira diferente. Ao chegar em casa, reli lousa e pude compreender todo o
debate.
O
debate, principalmente quando relacionado as vias, foi um pouco conturbado.
Deixamos de respeitar a “regra” de levantar as mãos, dessa maneira, aqueles com
maior facilidade para falar acabam não deixando espaço para os mais tímidos ou
aqueles que se expressam com mais dificuldade, como já expus anteriormente esse
fator realmente me incomoda, não por ser uma dessas pessoas, mas por acreditar que
a tutoria tenha que ser uma construção em grupo em que todos devem participar
proporcionando o crescimento por igual.
Nos
outros tópicos o debate fluiu de maneira mais agradável sem grandes
interrupções.
Ao
fim do dia realizamos uma pequena discussão sobre a tensão do nosso grupo,
observei que o clima está incomodando todo o grupo e não só a mim, tornando o
processo de aprendizagem mais pesado. Buscarei evitar mostrar meus incômodos,
na tentativa de tornar o processo mais leve e descontraído. Gostei muito da
atitude da tutora em tentar “amenizar” o clima.
Acredito
que as desavenças são perceptíveis, mas como citamos na discussão, não há
dificuldade de relacionamento pessoal, meu incômodo se deve exclusivamente às
interrupções constantes e monopolização do debate nas sessões tutoriais, por
isso estou bastante desconfortável em escrever essa síntese, escrevo-a por ser
este meu canal de comunicação com a tutora que tem buscado nos ajudar neste
aspecto e para que não fiquem mal entendidos, ficando claro que meu incomodo se
deve a não inclusão de todos de maneira homogênea no debate.
FONTES DE ESTUDO:
·
BARALDI, Giovana dos Santos; ALMEIDA, Lais Castro de; BORGES, Alda
Cristina de Carvalho. Evolução da perda auditiva no decorrer do envelhecimento. Rev.
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access on 29 Sept. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-72992007000100010.
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MARCHIORI, Luciana Lozza de Moraes; REGO FILHO, Eduardo de
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Bras. Otorrinolaringol., São Paulo , v. 72, n. 4, p.
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Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992006000400016&lng=en&nrm=iso>.
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JERGER,
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Atheneu: São Paulo; 1989. p. 102
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